POUSADA DE VERÃO 2016

Ele concordou comigo e fomos para o restaurante do hotel. Depois de nos sentarmos ele perguntou:
-Há comida Americana e Britânica numa mesa, Oriental em outra, do Sudoeste da Europa noutra e Latina no fundo, por onde queres começar?.
-Pode ser oriental - respondi ao ver umas opções vegetarianas que pareciam mesmo boas. - E tu?

-Pode ser oriental - respondeu, vendo umas opções vegetarianas. - E tu? - perguntou ainda.
-Também começo pelo oriental, para te fazer companhia. - respondi, pegando num prato e dirigindo-me ás bancadas de comida para dar uma olhada.
Tudo tinha um aspeto e uma aroma muito agradável, e enquanto escolhia, acompanhava Jo na busca de alguns dos pratos vegetarianos que ela queria.
-Haverá alguma coisa nesta ilha que não seja bonita? - perguntei, olhando para Jo. - A comida, as paisagens, os quartos... as companhias. - acrescentei, olhando para ela com um sorriso. - Isto são mesmo férias do melhor que há.

-Haverá alguma coisa nesta ilha que não seja bonita? - perguntou, olhando para mim. - A comida, as paisagens, os quartos... as companhias. - acrescentou sorrindo. - Isto são mesmo férias do melhor que há.
Senti-me a corar com o elogio.
-Sim, tens razão - disse.
Quando já tínhamos os pratos cheios voltámos às mesas.
-Amanhã sempre vamos andar de canoa? - perguntei.

-Sim, tens razão - respondeu.
Depois de nos servirmos, voltamos com os pratos para a mesa.
-Amanhã sempre vamos andar de canoa? - perguntou Jo.
-Sim, podemos ir. - respondi com um sorriso. - Vais gostar, é engraçado. - acrescentei ainda.
Acabei rapidamente o que tinha no prato, visto que não trazia muita comida, queria experimentar de tudo, então trazia pequenas porções de cada coisa.
-Vamos experimentar mais comidas? - perguntei.

-Vamos experimentar mais comidas? - perguntou-se.
-Vai tu - disse-lhe, apontando para o meu prato ainda a metade. - Eu sou bastante lenta a comer - notei por ele.
-Ahahah, pois, estou a ver que sim.
Levantou-se e foi buscar mais coisas.

-Vai tu - disse-me, apontando para o seu prato ainda a metade. - Eu sou bastante lenta a comer.
-Ahahah, pois, estou a ver que sim. - respondi com um sorriso.
Levantei-me e fui encher o prato novamente de pequenas quantidades variadas.
Voltei ao meu lugar e pedi mais uma bebida no caminho.
-Estou de volta.- anunciei, pousando o prato e sentando-me á frente dela. -Então, tens muitos amigos no campus?

-Estou de volta.- anunciou quando chegou. -Então, tens muitos amigos no campus?
Tive uma espécie de déjà vu.
-Já me tinhas perguntado algo semelhante hoje à tarde - sorri. - E não, não tenho assim muitos. Não se pode dizer que seja das querubins mais populares daqui pelo menos. E tu? - perguntei. - Lembro-me que tinhas dito que foste perdendo contactos e assim, mas és daquelas pessoas que faz amigos facilmente?

-Já me tinhas perguntado algo semelhante hoje à tarde - respondeu, sorrindo. - E não, não tenho assim muitos. Não se pode dizer que seja das querubins mais populares daqui pelo menos. E tu? - perguntou. - Lembro-me que tinhas dito que foste perdendo contactos e assim, mas és daquelas pessoas que faz amigos facilmente?
-Sim, tens razão, já tinha perguntado. - respondi sorrindo embaraçado com o nervoso miúdinho que sentia. - Desculpa, quando fico nervoso tenho tendência a voltar a perguntar as mesmas coisas e assim. - acrescentei ainda, corando um pouco.

-Sim, tens razão, já tinha perguntado. - respondeu. - Desculpa, quando fico nervoso tenho tendência a voltar a perguntar as mesmas coisas e assim. - acrescentou, corando.
-E não respondeste à minha pergunta - sorri.
-Ah, desculpa...
-Ahahah, na boa. Eu perguntei se fazias amigos facilmente.

E não respondeste à minha pergunta - declarou Jo, sorrindo
-Ah, desculpa... - respondi, um pouco nervoso.
-Ahahah, na boa. Eu perguntei se fazias amigos facilmente. - acrescentou ainda Jo.
-Mais ou menos, sou daquelas pessoas que tem poucos mas bons, e sinceramente, prefiro assim. E tu, tens facilidades com isso? - perguntei.

-Mais ou menos, sou daquelas pessoas que tem poucos mas bons, e sinceramente, prefiro assim. E tu, tens facilidades com isso? - perguntou.
Disse que não com a cabeça.
-Sou bastante tímida a maior parte do tempo, mas tenho dias em que sou mais descontraída - sorri. -Também depende da pessoa. Por exemplo, estou à vontade agora, mesmo só te tendo conhecido hoje.

-Sou bastante tímida a maior parte do tempo, mas tenho dias em que sou mais descontraída - sorriu. -Também depende da pessoa. Por exemplo, estou à vontade agora, mesmo só te tendo conhecido hoje.
-Ainda bem, é bom saber que partilhamos o mesmo á vontade. - respondi, sorrindo. - Estive um pouco na dúvida em avançar para falar contigo ou não, mas parece que tomei a boa decisão de o fazer. - acrescentei, sorrindo novamente.

-Ainda bem, é bom saber que partilhamos o mesmo á vontade. - respondeu, sorrindo. - Estive um pouco na dúvida em avançar para falar contigo ou não, mas parece que tomei a boa decisão de o fazer. - acrescentou, sorrindo novamente.
Depois de terminarmos de jantar, fomos passear um pouco. Quando voltamos ao hotel perguntei:
-Que tal amanha encontrarmo-nos aqui pelas 9h? Ou preferes ir mais tarde para lá?

Depois de terminarmos de jantar, fomos passear um pouco. Quando voltamos ao hotel, Jo dirigiu-se a mim e perguntou:
-Que tal amanhã encontrarmo-nos aqui pelas 9h? Ou preferes ir mais tarde para lá?
-Vamos ver se consigo acordar a essa hora. - respondi, rindo-me. -Sim, podemos encontrarmo-nos aqui a essa hora. - acrescentei. -Então até amanhã, dorme bem. - declarei, chegando-me a ela e dando-lhe um beijo na bochecha de despedida, como costumava fazer.

-Vamos ver se consigo acordar a essa hora. - respondeu, rindo. -Sim, podemos encontrarmo-nos aqui a essa hora. - acrescentou. -Então até amanhã, dorme bem. - declarou, dando-me depois um beijo na bochecha.
-Boa noite - disse antes de ir embora.
Mal cheguei ao quarto fui logo vestir um pijama e fui direta para a cama. Não tinha feito muita coisa, mas sentia-me completamente exausta. Mal me deitei foi tiro e queda. Acordei pelas 8h30, sendo que consegui chegar ao local combinado à hora certa.

Olhava, sem me fartar, para a ilha. Aquele incrível cenário, digno dos ecrãs da televisão. As enormes manchas verdes e azuis seduziam o meu olhar, cativavam-no...

- Então, o que pensas fazer a seguir?- perguntei a James, sem saber o que fazer no meio de tantas atividades possíveis.

- Não sei, talvez ir à praia. - disse, após algum tempo a pensar e olhar para o destino que escolhera, entrando de seguida, para dentro do jacuzzi.

- Ok, mas não agora. - respondi, com um sorriso.  

Estava a apreciar o momento, olhava já para a vista, sem ver, com o olhar sobre as praias e o verde da ilha. Isso e apenas isso.
Fechei os olhos e ouvi. Para lá do barulho do jacuzzi a borbulhar, ouviam-se pássaros, os querubins contentes, uma música de fundo provocada por uma aparelhagem perto, mas com uma distância segura, da piscina. Ouvia-se também, ao longe, a cascata. O som da água a cair ferozmente. Por outro lado, o mar encontrava-se em silêncio, calmo. Tudo parecia perfeito.
Decidi afundar-me um pouco mais no jacuzzi, como se que a enroscar-me melhor nos lençóis da cama, no Inverno.
No entanto devo ter dado um leve toque a James, que estragou o ambiente ao atirar-me água.

- Tinhas mesmo de estragar o momento?

- Eu? Não fui eu que te dei um pontapé...

- Um pontapé? Dei-te um toque. - respondi depois, irónica- Veja lá, princesa...

- Que piada.

Sorri para o contrariar. Saí do jacuzzi e desliguei-o.

- Ei!- reclamou James, ainda lá dentro.

- Vá, levanta o rabo. Vamos dar um passeio pela praia e uns mergulhos antes do pôr do sol. Anda.

Contrariado, levantou-se e deitou-se numa espreguiçadeira a meu lado a secar. Depois pegou em duas toalhas que eu lhe entreguei, levando eu uma pequena mala com as chaves do quarto e telemóveis e uma bola.
Saímos do quarto, descemos o elevador e saímos da receção do hotel.
Seguimos em direção a uma praia em que, supostamente, estaria pouca gente.
Era a mais longe mas não havia problema. Pelo caminho conversámos, bebemos um sumos que fomos buscar junto ao bar da piscina, e vimos parte da linda ilha.
Decidimos ir por dentro da floresta, na primeira fase da caminhada. O areal estava cheio de querubins e já havíamos visitado aquela praia na Páscoa, ao contrário daquela praia para onde nos dirigíamos e ao contrário também, da floresta.
O clima, quente e húmido, só me fazia querer chegar à praia mais depressa mas a verdade é que estava a gostar daquele mato.
Era bastante verde, calmo... Era fantástico. Ouviam-se alguns animais, incluindo mosquitos que nos passavam junto ao ouvidos.
As árvores eram bastante altas, pequenos animais observavam-nos a mexer, e nós a eles. Quando fazíamos contacto visual, fugiam, para dentro da floresta.
Desviei uma planta do caminho e avistei a pequena praia, linda, ao longe.
Corri até lá.
Areia branca, a mais branca que alguma vez visualizara. À frente da areia, o mar. De uma cor bela, um azul claro, transparente, toda a água muito límpida e muito calma, sem qualquer existência de ondulação, deixava observar perfeitamente, quando vista de perto, pequenos seres marítimos a deslocarem-se de um lado para o outro.
Atrás do areal, pequenos conjuntos de palmeiras eram separados uns dos outros por pequenas rochas ou clareiras. Lá dentro encontravam-se campos de vólei, futebol, badminton e algumas, cabanas pequenas. Umas fechadas, outras com sofás, camas de rede, espreguiçadeiras, sítios próprios para se acender uma fogueira e uma espécie de mini-bares.
Mal cheguei pousei as poucas coisas que tinha, tirei os calções, e corri, acompanhada por James, para dentro de água.
Mergulhei, nadei, ri, mandei água, levei com água, joguei vólei, joguei futebol, deitei-me na areia...
O sol começava a pôr e decidi sair da água para o observar, sentada na toalha.
Sentei-me ao lado do James e olhei em frente, para o horizonte, onde o sol se punha. Grande, com uma cor alaranjada, que fazia com que o céu à sua volta se apresentasse em tons de rosas, laranjas, vermelhos...
Encostei a cabeça ao ombro de James e continuei a observar, virada para a frente. A lua apoderava-se do lugar do sol, lentamente. Branca, brilhante. O céu tornava-se escuro e as estrelas ficavam visíveis.
Levantei-me e dirigi-me para a água para ''um'' último mergulho.

- Não vens?- perguntei, sorrindo.

- Hã? Ah, sim. Pode ser. - respondeu, sorrindo também quando acordou dos seus pensamentos.

Seguimos caminho, embrulhados nas toalhas, não por causa do frio, mas por ser confortável.
No caminho de volta ao campo, pouco se via da floresta. Apenas se via o caminho devido a pequenas luzes instaladas no chão, com intuito de guiar os querubins.

- Queres jantar onde? Preferes ir ao buffet ou comer fora? - perguntei para não fazermos a viagem toda calados.

- Não sei. O que é que tu preferes?

- Talvez hoje, podíamos ficar por cá. Depois, noutro dia íamos visitar o resto. Pode ser?

- Claro.

Chegámos rapidamente à receção e subimos. Enquanto James escolhia a roupa tomei um rápido banho e vesti uns calções brancos e um top de renda branco.

- Vais minimamente arranjado, certo?- a pergunta foi basicamente uma afirmação.

- Sim...

Peguei num livro e li na espreguiçadeira da varanda até o James estar pronto. Consegui ler uns quantos capítulos...

- Podemos ir? Estou com fome...

- Vamos, então.

Ele estava vestido com uma camisa branca e uns calções cinzentos. Minimante arranjado. Sorri e ele sorriu de volta.
Chamei o elevador enquanto ele fechava o quarto e seguimos caminho para o restaurante.
Na entrada deste, duas simpáticas senhoras vestidas com o uniforme deitaram-nos um pouco de desinfetante para as mãos.
Entramos e à nossa frente encontravam-se o buffet, um local alto e claro com várias mesas, algumas ocupadas por jovens agentes, mas maior parte vazias.
No centro da área das mesas, existia uma plataforma, com mais mesas, iluminada com candelabros, criando um ambiente um pouco mais íntimo.
À frente, a comida disposta estava dividida em 4 bancadas de granito: Americana e Britânica; Oriental; Sudoeste da Europa; Latina. Cada prato encontrava-se devidamente identificado.
Seguimos para o exterior seguindo o empregado. Um conjunto de mesas, com um toldo branco por cima.
Pousamos as coisas na mesa e fomos servir-nos. O James dirigiu-se à bancada da comida Britânica e Americana. Eu, preparei o meu prato com saladas e ingredientes do sudeste europeio.
Desfrutámos da nossa refeição e demos um passeio pela praia enquanto comíamos os nossos gelados.

- Queres ligar a alguém? Tentar encontrarmo-nos?- perguntei, já que não tínhamos interagido com nenhum amigo desde que havíamos chegado.

- Deixei o telemóvel lá em cima. Tens o teu aí?

- Está sem bateria. Voltamos lá a cima?

- Sim. Que horas são, mais ou menos, sabes?

- Dez? Não sei.

Caminhámos de volta ao hotel e quando íamos entrar no elevador, vimos a Yasle e o Alex carregados com sacos a tilintar.
Não era difícil de perceber o que é que se estava a passar...

- Acho que vocês precisam de ajuda.- disse apressando-me na sua direção e agarrando em dois sacos. O mesmo fez James.- Então iam dar uma festa sem nos convidarem?- sorri.- Estava tudo calculado para nos encontrarmos. Isto é para que andar?

- Último, é a suite da Sel e do Pedro. Eles devem ter a porta aberta, ou alguém deve de estar à porta.

Metemo-nos todos no elevador e dirigímo-nos ao quarto deles.

-Boa noite - disse Jo antes de ir embora.
Fui direto para o meu quarto e meti-me logo na cama, com intenções de acordar mesmo a horas.
Acordei por volta das 8h40 e tive de me despachar á pressa para estar a horas no local combinado, e quando lá cheguei, Jo já me esperava, apesar de ainda só serem 9h quando eu cheguei.
-Bom dia Jo, ansiosa pela canoagem? - perguntei com um sorriso assim que cheguei.

-Bom dia Jo, ansiosa pela canoagem? - perguntou mal chegou.
-Bom dia - disse com um sorriso. - Sim, estou em pulgas para fazê-lo.
Retirei o folheto da mochila.
-Vamos por este caminho? - perguntei apontando para um trilho no mapa, que apesar de ser mais longo, teria as melhores paisagens.
-Tu andas sempre com folhetos atrás, é?
Encolhi os ombros.
-Gosto de ter as coisas bem planeadas e de seguir instruções, não sei. Eu sou daquelas pessoas que lê o manual de instruções de tudo antes de utilizar.

-Gosto de ter as coisas bem planeadas e de seguir instruções, não sei. Eu sou daquelas pessoas que lê o manual de instruções de tudo antes de utilizar. - respondeu Jo.
-Mas assim acabas por tirar a piada algumas coisas, ás vezes os imprevistos são coisas muito boas, dão-nos perspetivas diferentes... - declarei enquanto entramos na canoa.
Começamos lentamente a remar no rumo que ela pretendia, seguindo o trilho devagar para poder apreciar a paisagem, até que chegamos a uma mesmo bela.
-Para aqui um pouco, por favor, quero pintar isto. - declarei, retirando o bloco e o carvão da mala.-Vou tentar apenas fazer um esboço geral e tiro uma fotografia para depois acabar mais tarde...

-Para aqui um pouco, por favor, quero pintar isto. - declarou, retirando o bloco e o carvão da mala.-Vou tentar apenas fazer um esboço geral e tiro uma fotografia para depois acabar mais tarde...
-Não preferes parar ali? - perguntei, apontado para a margem. Parecia que estava em condições de travar a canoa de forma a não nos molharmos muito e mais importante não molhar as coisas dele. - Assim, até posso ver ali algumas coisas e dá-te mais tempo para fazeres isso com cuidado.

-Não preferes parar ali? - perguntou, apontado para a margem. - Assim, até posso ver ali algumas coisas e dá-te mais tempo para fazeres isso com cuidado. - acrecentou.
-Sim, se preferes, podemos parar na margem. -respondi, voltando a remar lentamente.
Encostamos a canoa á margem e ajudei-a a sair, enquanto saquei novamente do meu bloco e fui desenhando um esboço da paisagem, e usei a minha câmara para gravar aquela paisagem, para poder traçar com mais detalhe quando estivesse sozinho.
Guardei todo o meu material quando acabei e fiquei á espera de Jo.

Dirigi-me para o interior para ver se via alguma coisa de especial. Distraí-me com uns passarinhos que estavam em cima de grande pedregulho. Parei para não assustar. Eu gostava de pássaros, achava-os bastante engraçados. Apercebi-me que se calhar já estava lá algum tempo e decidi voltar. Nizzo já estava à minha espera quando cheguei.
-Ups, desculpa - disse enquanto me aproximava.
-Na boa, terminei ainda há pouco só.
Voltamos a entrar na canoa. Desta vez fomos andando até a uma lagoa, onde estava a cascata. Seguimos para a zona onde estavam as outras canoas, visto que era o fim do circuito, depois podíamos deixa-la lá e voltar a pé/jipe ou fazer o mesmo percurso para o hotel.
-Queres subir até lá cima depois? - perguntei-lhe quando nos sentámos na relva, apontando para a cascata. Estava a ver pessoas em alguns níveis, por isso deveria dar para fazê-lo.

Voltamos a entrar na canoa. Desta vez fomos andando até a uma lagoa, onde estava a cascata. Seguimos para a zona onde estavam as outras canoas, visto que era o fim do circuito.
-Queres subir até lá cima depois? - perguntou Jo quando nos sentámos na relva, apontando para a cascata. Mostrou-me pessoas em alguns níveis, por isso deveria dar para fazê-lo.
-Sim, podemos subir.- respondi, com um sorriso. -Isto está a ser uma manhã diferente e divertida, obrigado pela companhia, és mesmo simpática. - acrecentei ainda, sorrindo para Jo.

O suspiro e a súbita mudança de assunto deixaram Liam um pouco desnorteado, à medida que milhares de questões e inseguranças súbitas surgiam na sua cabeça, muitas delas desnecessariamente dramáticas. Estremeceu ao pensar que Talia podia estar a perceber o interesse que ele nutria por ela, e a afastá-lo subtilmente. Sentiu um breve aperto no estômago ao considerar isso, mas decidiu ignorá-lo o melhor que podia e responder à questão.
- Sim, estou - acenou, enquanto se afastava de costas, com braçadas rotativas e suaves - Ficámos mesmo ao fundo do corredor. Podes aparecer sempre que quiseres.
- Eu apareço, um dia destes - sorriu Talia, em resposta.
Liam ficou sem saber o que dizer, ainda desnorteado, e sorriu também, levemente. Afastou-se lentamente até à queda de água e deixou-se ficar por lá por uns segundos, a sentir a água a cair com alguma pressão nos seus cabelos e nas suas costas, enquanto observava, absorto, Talia a nadar, perdido nos seus pensamentos.
Não era um rapaz que se apaixonasse facilmente, mas Talia era especial. Por muito que se esforçasse (e nunca o fazia), não conseguia detetar qualquer imperfeição nela. Por muito que o negasse, principalmente a Luna, que tinha uma tendência especial para o chatear relativamente ao assunto, sabia que estava caídinho por ela. Não conseguia parar de pensar nela por muito tempo, no que ela estaria a fazer ou no que estaria a pensar... Se se lembrava dele ocasionalmente e se sentiria algo semelhante ao que ele sentia ou não...
Sorriu ao sentir-se ridículo, mas o seu sorriso desvaneceu-se quando foi surpreendido por uma enorme chapa de água fria. Virou-se de costas e esfregou os olhos, ouvindo o riso de Talia sobrepor-se ao ruído da cascata.
- Aleluia, chamei-te três vezes. Em que mundo é que estavas ? - riu-se ela, atirando mais um pouco de água contra as costas de Liam - Está a saber bem ?
- Estás tão, mas tão tramada - riu-se Liam também, antes de mergulhar e começar a nadar em direção a Talia, enquanto esta soltava um gritinho e tentava fugir, ainda às gargalhadas.

Nem acredito!
Era uma das últimas pessoas a ir para a pousada. Mas o facto de ter trabalhos extra atrasou um bocado a coisa. Ainda tinha que preencher aquele formulário da NASA e ainda estava pensativa com acontecimentos recentes.
Quando vi um helicóptero e vários querubins a entrar fiz as malas o mais rápido que pude e corri o mais rápido que pude. Quando cheguei fui repreendida por um instrutor:
-É agora que se chega? Só agora é que vais para a pousada? Devias é fazer cem flexões, mas como estou bonzinho hoje, entra mas é!
Todos os querubins que estavam no helicóptero olharam para mim, mas eu nem me importei. Todos começaram a falar e eu permaneci à parte, isolada, a olhar pela janela.
A viagem foi bem cansativa mas valeu a pena. Chegámos de madrugada e a pousada estava "à nossa espera". Entrámos e deram-nos a chave do nosso quarto. Houve pessoas que ficaram em quartos duplos e até triplos, mas eu decidi ficar num individual. Havia um cama de casal enorme, um jacúzzi para várias pessoas, uma casa de banho de luxo, um frigorífico cheio de bebidas, bolachas e tudo o que é bom.
Saltei para a cama, que era bem macia e fofa, e fiquei a pensar na sorte que eu tinha em lá estar.

-Sim, podemos subir.- respondeu, com um sorriso. -Isto está a ser uma manhã diferente e divertida, obrigado pela companhia, és mesmo simpática.
-Ah, obrigada. Tu também és. Seria mais seca fazer isto assim sozinha, nem sei se podia andar de canoa.
-Só interesses então - gozou.
Revirei os olhos.
-Ahahah nada disso - sorri. - Não queres pintar isto? - perguntei apontando para a cascata. - É muito bonito.