Quarto de Pedro Piteira

Andei pelo corredor e avistei a porta que me tinha sido indicada. Entrei e fiquei maravilhado com o que vi: uma cama enorme muito limpa (não por muito tempo), uma casa de banho enorme e uma secretaria de madeira cheia de gavetas com um portátil novo muito melhor do que possuia anteriormente. Apressei-me a ligá-lo e, a partir do disco rígido que possuía a instalar os meus programas de programação e o meu jogo favorito: League of Legends. Fazer isto trouxe-me uma lágrima ao rosto, pois costumava jogá-lo com o meu pai, mas sabia que tinha que ultrapassar isso. Limpei a cara e começei a arrumar as minhas coisas e a explorar o hardware do computador.

Estava a passear pelo corredor e ouvi um barulho. Um barulho familiar, talvez de alguém conhecido. Apercebi-me logo de quem era quando ouvi:
-Carambas!
Bati à porta do quarto de onde esse barulho tinha vindo. Quando a porta se abriu, fiquei a saber que a minha teoria sobre quem era estava correta.
-Olá primo!-disse eu. Ele não me respondeu. Limitou-se a ficar de boca aberta.

Ouvi alguém a aproximar-se. Alguém disse Carambas e notei que estava atrás de mim. Olhei para trás. Limitei-me a ver que era a minha prima e a ficar de boca aberta.
-Olá primo! - disse ela.
Não podia acreditar. Não a via desde que os meus pais morreram, mas reconhecia aquela cara, ela não tinha mudado muito. Fiquei feliz, mas com o passar do tempo comecei a lembrar-me que ela era um bocado chata. Mesmo assim estava feliz, pois afinal não me restava apenas os meus irmãos.
-Olá... - disse eu meio atrapalhado

Ia em direção ao meu quarto quando vi um dormitório aberto com várias caixas de cartão na entrada.
-Wazzup?-perguntei aos 2 querubins, com uma aparência ligeiramente semelhante.
-Sou a Shane-apresentei-me-precisas de ajuda míudo?
Ele corou ligeiramente, fiquei à espera que respondesse esboçando um pequeno sorriso.

Ouvimos passos pelo corredor, mas ao princípio ignorámos. Mas estes ficaram mais altos e quando nos virámos para a porta estava uma rapariga. Ela era mais baixa que nós, tinha cabelo preto e madeixas roxas e estava a usar uma t-shirt vermelha com aquele bebé nu, que devia ser o logótipo da CHERUB.
-Wazzup? - Disse ela.
Fiquei um pouco corado pois era um bocado tímido e ela até era bonita.
-Sou a Shane. - disse ela - precisas de ajuda miúdo?
-Sou o Pedro. - respondi a olhar à volta - Por acaso sim, se não te importares.
Aí ela entrou e começou a ajudar a arrumar as minhas velhas tralhas.

Comecei a ajudá-lo. Ele era bastante calado, talvez fosse apenas por ser novo na cherub.
-Então...o que achas da Cherub?-perguntei, de volta das caixas.
-Ainda não vi muito, mas estou a gostar- disse seriamente.
-Queres contar-me a tua história?De...como vieste cá parar, se não quiseres é na boa-afirmei-é normal não estares à vontade.

-Então... o que achas da CHERUB? - disse a Shane.
- Ainda não vi muito, mas até agora estou a gostar. - respondi-lhe.
-Queres contar-me a tua história? - perguntou - De...como vieste cá parar, se não quiseres é na boa é normal não estares à vontade.
Olhei para as caixas. Esta pergunta deixou-me triste e uma lágrima escorreu-me da cara. Acho que ela se aprecebeu do meu pouco à vontade e voltou a virar-se para as caixas. Comecei a pensar: apenas 3 pessoas sabiam a minha história, sendo duas delas os meus irmãos e a outra o meu melhor amigo de infância, nem a minha prima o sabia, pelo que ficou intrigada também. Mas a CHERUB era a minha nova vida, pelo que tinha que deixar o resto para trás.
-Era domingo. - começei - Estava em casa com os meus dois irmãos e um vizinho, pois os meus pais, dois cientistas, estavam numa viagem. Estavamos os 4 sentados na nossa sala de estar a ver televisão, quando apareceu nas notícias que um avião se tinha despenhado perto da tailândia, onde os meus pais estavam a caminho. O nosso vizinho apressou-se a telefonar p'ro aeroporto. Estava confirmado: era o avião dos nossos pais. Depois fui colocado em num centro de acolhimento perto da minha casa. O caso do avião foi dado como sabotagem quando este estava em terra, mas apesar de ainda não o terem encontrado, o caso continua aberto...
Laura e Shane aproximaram-se de mim. Já nenhum de nós estava a arrumar as coisas. Shane pôs-me a mão no ombro
-Mas tenho a certeza que um dia o vão encontrar. - disse ela.

Não lhe devia ter perguntado, deixei-o triste.
-Bem....estou cheia do fome, vou andando para o refeitório, alguém vem?-perguntei, para tentar deixar o ambiente mais leve.

-Bem... estou cheia de fome, vou andando para o refeitório, alguém vem? - perguntou.
-Até comia um hipopótamo! - Disse, rindo-me.
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