Quarto do Lucas Trindad

Quarto 507. 6º Andar.
  Nunca tinha ficado num sítio tão bom quanto este. Incrível!

     O conforto, fazia-me chorar... é verdade... em 16 anos, nunca tive uma cama onde dormir. Na Etiópia, dormia num colchão muito antiquado e sem conforto nenhum. Na Suécia, tive de sobreviver ao relento, a encontrar abrigos feitos por outros ''sem abrigo''. Tudo agora parecia um sonho. Seria realmente verdade? Ou estaria eu a sonhar e acordaria a qualquer momento?
  Bem, sendo sonho ou não, eu tinha de o aproveitar. Mas faltava-me algo, alguém, com quem falar... precisava de alguém que me esclarecesse tudo o que estava ali a fazer.
   Saí do quarto, às 16:17 da tarde, e fui para o campo, ver os outros miúdos correr. Esperei pelo final do treino para poder conhecer cada um deles...
  - Olá, pessoal, tudo bem? - disse, na esperança de alguém meter conversa com o ''estranho''.

Já se ouvia o famoso burburinho nos corredores: um novo querubim tinha chegado. Fui à recepção informar-me e dirigi-me ao 6º andar.

Quando cheguei ao quarto que me foi informado bati à porta, mas ninguém respondeu.  Como não ouvi nenhum som lá dentro, decidi entrar e deixar um bilhete.


Satisfeito com o bilhete, deixei-o em cima da cama e decidi sair rapidamente, não fosse ele chegar e ficar chateado por ter invadido o seu quarto. E não é isso que eu queria com o novo querubim.

Depois de ter conversado um pouco e conhecido melhor alguns dos querubins, era já fim da tarde. Decidi então voltar para o meu quarto, para organizar todas os meus pertences e tomar um banho relaxante. O dia tinha sido muito cansativo, mas divertido. Não se arrependera nada de o passar.
  Chegou ao 6º andar, abriu a porta do seu quarto e deparou-se com um bilhete pousado na sua cama. Pegou nele, abriu-o e leu:




Isto era uma oportunidade de fazer amizade com um querubim. Não perdi tempo. Desloquei-me até ao 4º andar e perdido, começei a olhar para o nº nas portas. Era o antepenúltimo quarto. Bateu à porta e passado um bocado, um rapaz baixo e frágil, abriu-me a porta.
  - Entra, Lucas, é um prazer conhecer-te! - saudou James, calorosamente.

Ainda estava zonza. NUNCA me tinha acontecido aquilo na vida!
Depois de ir á enfermaria que irei escrever depois a Yasle teve que ir ao gabinete do diretor explicar a cena toda.
Tinha achado o Lucas muito simpático mas tinha ar de "engatatão".
-Queres ir ao quarto do James?
-Claro
Fomos de elevador até ao 4º andar. Já estava o James.
-Ei Lucas ainda bem que trouxeste mais gente.
-Obrigada pelo " elogio" James. Espero que não se importem de ter uma rapariga aqui...

Tinha acabado de chegar ao meu quarto. Não me apetecia nada arrumar a mina tralha e organizá-la, então decidi ir ver onde é que era o quarto de Lucas. Tinha acabado de conhecê-lo na receção e, por sorte, tínhamos os nossos quartos no mesmo andar. Percorri o corredor e vi o Lucas e outros três querubins no seu quarto com a porta aberta. Infelizmente, enquanto eu tentava "fugir" do quarto dele , ele foi à porta e disse:
-Hey Coby!

-Ah, olá Lucas.- disse eu muito envergonhado

- Então já te instalaste no teu novo quarto?

-Ainda não Lucas. Pensei em vir ao teu quarto para conversarmos mas vi que já tens visitas..

-Não faz mal. Podes vir falar connosco, no problem.

Lucas literalmente arrastou-me para o seu quarto.

-Malta, este é o Coby!

-Olá Coby- disseram todos ao mesmo tempo.

-Olá pessoal....-disse eu, percebendo que a minha cara estava toda a corar  

Naquele momento a minha ansiedade social entrou em ação e eu estava tão nervoso. Mas eu sabia que tinha de conhecer novas pessoas, não podia estar a viver no campus com pessoas que nem conhecia só por causa da minha timidez.

Tinha acabado de chegar um novo querubim ao quarto do Lucas. Corby, não, Coby, isso. Enfim, logo após ele ter chegado e se apercebido da confusão que o quarto do Lucas estava, recebi uma mensagem. Era da Sarah.  

''Sempre saímos?''

Respondi-lhe rapidamente:

"Dá-me 5 minutos, já já estou no teu quarto"
Embora a Marceline estivesse num estado não muito agradável eu estava a ser inútil para ajudá-la, então despedi-me de toda a gente e disse que tinha coisas combinadas. Acho que não ficaram muito felizes de eu ter saído sem ajudar a Marceline, mas também... WHO CARES?

Saí e fui pelas escadas de incêndio que ninguém utiliza para o meu quarto. Um pequeno atalho que poupa-me bastante tempo.

Já depois de James ter saído para o quarto de Sarah...

  -Coby - exclamei eu - junta-te a nós, amigo!
  - Bem, eu... - falou timidamente - não queria incomodar ninguém...
  - Não incomodas nada. Marceline, este é o Coby, Coby esta é a Marceline. Gira não é? - disse eu para tentar quebrar o gelo que se fazia sentir naquele quarto.
  - Não te estiques, Lucas! Prazer em conhecer-te Coby. - disse Marceline.
  - Prazer...
  - Não queremos dar uma volta? Espairecer? Ainda é cedo, são 18:45. Vamos até ao jardim da CHERUB. -  disse eu, entusiasmado.
  - Sim, Lucas, queres-me oferecer alguma flor, é?
   Notava-se no tom da voz dela que tinha uma ligeira ironia. Ela detestava piropos, mas eu já o sabia... Estava nitidamente a tentar provocar-me. Mas eu, Lucas, é que não parecia importar-me nada com isso, antes pelo contrário, continuava com um ar divertido e tranquilo, que me era característico. Estava a tentar ganhar a confiança dela aos poucos. Afinal, era a figura feminina na CHERUB com que tivera mais diálogo até ao momento. Não queria perder a oportunidade de fazer amizade. E tudo tinha começado com uma indisposição da Marceline...
  - Bem, não vos quero incomodar. - prestou-se Coby, ainda com evidente timidez - ide lá.
  - Ide lá? Vens connosco - afirmou Lucas, puxando-o pelo um braço até fora do quarto, sem sequer dar opção de escolha.