Quarto de Pedro Bolvar

Ela parou por uns momentos, envergonhada. Parece que não tinha pensado bem no assunto. Ela tirou a perna de cima de mim e virou-se de costas para mim. E tirou a camisola. Reparei que não tinha nada a meio das costas, o que para meu conhecimento, significa que não estava a usar soutien. Voltou a virar-se para mim, mas sempre enroscada nos lençóis.
- A mim também me parece bem. - disse ela, mas a sua voz fraquejava. Não a queria deixar desconfortável.

Voltei a por a minha mão sobre a sua perna, mas sem a puxar. Dei-lhe um beijo e respondi-lhe:
- You don't have to do this. Podes voltar a vestir-te se quiseres. - Não a quero forçar a nada. Remata tudo para a minha aula de Filosofia sobre o livre-arbítrio, era o que me estava a lembrar.

Ela parecia meia incerta do que fazer, pelo que apenas esperei enquanto passava a minha mão para cima e para baixo na perna dela.

Parece que estava determinada. Tirou o resto do pijama e atirou o para o chão, deixando o seu corpo esplêndido ao pé do meu.
- A dizer uma rapariga para se voltar a vestir? Que bom rapaz que tu és! Não. Está tudo bem. - disse, olhando para mim e sorrindo. Ainda pensei em dizer uma piada qualquer sobre se fosse aquela professora de 70 anos da primária a estar nua, se não a mandava vestir-se, mas achei que não era apropriado.

Estando lado a lado, ela encostou-se mais a mim, pressionando o seu corpo contra o meu. Já estava a ficar tarde, e sem dúvida que ela passaria ali a noite. Passei o meu braço por debaixo dela e aconchegei-a a mim. Comecei a beijá-la pela testa, até chegar à sua boca, por onde me deixei ficar um pouco. Sentindo o seu belo corpo pressionado contra o meu, fui puxando as minhas calças de pijama mais para baixo com as minhas pernas, tentando mexer-me pouco. It was going to be a long night.

Before anything, levantei-me e fui trancar a porta. Voltei para cama e deitei-me ao pé dela. Ela envolveu-me nos seus braços e começou a passar a sua mão pelas minhas costas. This just kinda felt akward. Eu não tinha bem a certeza disto. Corria-me pela mente o seu passado... e a sua história sobre... Eu queria que ela estivesse confortável com isto... E mesmo assim, nem eu estava certo do quão longe estavamos a ir. After all, we're 15. Mas eu gostava tanto dela, e lea parecia querer isto. Mas será que isto era o que eu queria também? Or are we going to far? This was all new to me. E parecia que para ela também. Acho que os nervos estavam a passar por mim.

Pus as minhas mãos pela sua anca e dei-lhe outro beijo, puxando-a mais para mim. Desviei então a minha cabeça e beijei-lhe o pescoço. Eu também não ia recuar.

Ela rodou-se para cima de mim, com uma perna de cada lado e sentou-se em cima de mim. It was just both of us, in the dark, in our underwear. Era um bom momento. O seu corpo perfeito estava por cima do meu. Pus as minhas mãos na sua anca. Ela estrava embaraçada e fechou os olhos:
- Hum..Queres mesmo fazer isto?

I think I do. But does she? Fui passando uma das minhas mãos de cima abaixo pelo seu lado. "But the night was warm; we were bold and young". Ela é que provavelmente teria mais problemas com isto. E para ambos era a primeira vez, presumi. Podia ter avançado aqui e puxado-a para mim, enquanto ela tinha os olhos fechados, mas achei melhor ter calma.

- Acho que sim... But do you?

Ela abriu os olhos:
- Sim. Mas não hoje.- isto surpreendeu-me tanto a mim como pareceu surpreender a ela - Ainda não estou pronta.

Para dizer a verdade, em certa parte aliviou-me. Acho que também não estava. Ela deitou-se por cima de mim e encostou a sua cara a minha, susurrando:
- Mas ainda gostava de passar a noite aqui contigo. - e deu-me um beijo na cara.

Isto ainda era muito bom. I still had the woman I loved in my arms. pus as duas mãos nas suas costas e fui deslisando uma para cima, até chegar à sua cara, e repsondi-lhe:
- Faça favor. - sorrindo e comecei a beijá-la. Estarmos ali aconchegados nas mantas era bom. E ainda era um pouco cedo. Provavelmente ainda podíamos acabar ali os dois a ver um filme ou assim, mas sinceramente a ideia de sair dali parecia-me absurda.

Desculpa não ter resultado entre nós...
Acho que também é melhor assim...
Era para me vir despedir, mas não estavas aqui

A missão tinha finalmente terminado. Tínhamos acabado de chegar e eu estava completamente exausto, com o corpo todo dorido e a minha costela ainda não totalmente recuperada. O plano agora era:
- Passar pelo meu quarto e deixar as minhas coisas/levar outras. Queria ver se estava tudo em ordem e descansar um pouco, ouvir um pouco de música talvez. E arrumar o meu pequeno bloco que tinha arranjado especificamente para a missão num local onde ficasse como "Recordações de missões". Era um nome engraçado, até rimava.
- Ligar a Lauren, I missed her... E era-nos impossível contactar enquanto eu estava a meio da visão. Por isso basicamente não ouvia falar dela à quase 3 meses.
- Passar na enfermaria. Tinha que tratar a minha costela. Apesar de achar que não fosse ficar assim muito tempo, enquanto não recuperasse não podia fazer quase nada da parte física; não queria ficar pior.

Repensando na "ordem de trabalhos", talvez passa-se na enfermaria primeiro. Assim ficava com a tarde toda para Lauren. E as coisas não estavam exatamente nice and smooth antes de eu partir para a missão... Had to make it up to her.

Cheguei ao meu quarto e abri a porta, entrando. Estava tal como o tinha deixado; era de esperar, não estava à espera de ter intrusos. Mas por outro lado todos aqui são agentes bem treinados... Podiam ter entrado sem deixar indícios. Agora que pensava nisso, a privacidade e segurança eram algo questionável no Campus. Deixei a minha mochila em cima da cama e retirei o meu bloco de notas. Dirigi-me à minha secretária e peguei numa caneta permanente, escrevendo no topo da primeira página (propositadamente deixada em branco):
Assim deixava espaço para qualquer nota ou desenho que quisesse acrescentar. O meu fascínio por pequenos blocos de notas era quase tão grande como a minha obsessão por bandanas. Peguei no bloco e coloquei-o na primeira gaveta, onde ficaria até arranjar um lugar para as "Recordações de Missões". Até era provável que fosse aquela gaveta no futuro. Mas agora tinha mais que fazer. Até tive uma ideia durante a missão que me pôs a pensar, para um pouco de mudança no meu quarto... Chalckboard paint. Acho que Sel tinha feito o mesmo no seu, e parecia-me uma excelente ideia. Depois falaria com ela, podia ser que ainda tivesse alguma.

Ok agora iria para a enfermaria, all according to plan. Peguei nos meus auscultadores e telemóvel, precisava de um pouco de música. Mas algo diferente; um papel branco ao pé dos meus auscultadores, do qual não tinha a mínima ideia de ter colocado ali. Costumava ser muito desorganizado, mas mantinha as minhas notas em dia, fazia parte do meu fascínio por blocos, pelo que até era raro eu usar papel assim. «Então sempre esteve aqui alguém» pensei. Peguei no papel e li-o:

Um seco desce pela minha boca. Só podia ser de Lauren. Breaking up with me. Fuck. Fiquei congelado a olhar para o bilhete. Eu já espera isto. Claro que já esperava isto; é sempre assim comigo. Mas não esperava tão cedo. Esperava que fosse mais tarde; que durasse mais. Tinha mesmo esperança. Mas novamente fui provado errado. Sentei-me na cama e coloquei os auscultadores nos ouvidos. Não queria pensar em nada; não queria fazer nada; não queria estar ali. Pus Mayday Parade a tocar. Por agora seriam os meus salvadores. This is the memory... This is the curse of having too much time to think about it. Mantive-me ali, a olhar para o teto. Sentia os olhos molhados. Não havia mais nada a fazer.

---------------------------------------- Depois da Pousada de Verão ----------------------------------------

Tinha abandonado a pousada de Verão. Parecia-me uma seca e não havia muito para alguém fazer sozinho... Ainda por cima não havia bem maneira de estar acompanhado lá...
Cheguei ao meu quarto e atirei a minha mochila para um canto. Tomei um duche e voltei a vestir umas roupas lavadas, uma t-shirt cinzenta, calsas de ganga e uma sweatshirt dos Mayday Parade. Ainda estavamos no início da tarde, e o tempo estava agradável e quente, mas não me apetecia sair. Em vês disso, fiquei-me pelo quarto a trabalhar outravez na minha Supertask em Visual Basic. Auscultadores nos ouvidos, Set it off a tocar, e desliguei-me um pouco do mundo exterior.

Tinha a música alta, mas um estrondo qualquer conseguiu ser mais alto ainda. Pousei os auscultadores em cima da mesa e virei-me. Provavelmente vinha de fora. Abri a porta e deparei-me com uma situação que por alguma razão me era familiar: Lauren, caída no meio do chão do corredor. Por poucos segundos fiquei pasmado, sem saber o que fazer. Mas a situação era cómica, e não resisti... levei a mão à boca para conter um pequeno riso, e estiquei-lhe a outra como sinal de ajuda.

- Ahhh... Dejavu?

Espera... - disse, quando ela tentava fugir, enquanto me tentava lembra de um detalhe crucial... - Uhmm... Pães recheados de chocolate? - Perguntei, de ombros encolhidos. Sim era isso. Pães recheados de chocolate! E gelo. Gelo! - Uhmmm... E gelo?

Se era fruto do destino o Dejavu começar pode ser fruto meu continuá-lo. Afinal de contas, haviam assuntos por resolver e pontas soltas por atar. E uma boa memória era a maneira certa de o resolver.
Fiz sinal para entrada na porta. O "palco" estava montado - não muito tinha mudado no meu quarto, apenas mais confusão e mais algumas peças de informática, nomeadamente peças de computadores e peças funcionais -, só tinha-mos que reescrever a história.

Ela aceitou o convite e entrou. Fui buscar os pães e sentámo-nos à mesa. Havia muita conversa para pôr em dia. Afinal desde a carta que me evitava. E isso não só me destruía um pouco por dentro como me preocupava. Que haveria acontecido? Que haveria ela para contar? Já haveria outro...?

- Então, como tens andado? - perguntei.
- Um pouco dorida. - disse ela, neutramente.

"Dorida". Estaria ela a provocar-me, a tentar dizer alguma coisa? Ou apenas dorida, de um treino recente. Disse aquilo de tal maneira a não dar sinal. "Dorida", mas de alma ou de corpo?

- Então dorida dizes tu? A CHERUB continua a dar cabo de nós hu? - respondi, continuando, organizando os meus pensamentos.

- Se tu o dizes... - respondeu, mantendo a neutralidade e como que desinteresse, enquanto comia o pão recheado.

Por um lado ela estar aqui intrigava-me. Estava caída no corredor à minha porta, e isto teve que acontecer por alguma razão. Mais ainda, aceitou o meu convite, o que esclarecia mais as coisas. Agora era só uma questao de deduzir o seu percurso.

- Eu não sei o que estou a fazer aqui. - respondeu, fixada nos meus olhos, acordando-me do meu transe mental. Devia estar pasmado à algum tempo enquanto pensava. Não tinha bem a certeza, costumava perder a noção.

- Eu sei. - respondi, decerto que chegava a uma conclusão. Mas era uma questão de organizar os meus pensamentos.

Deixei os seus doces olhos e olhei para baixo, para a mesa, posando um dedo no tampo. Era como desenhar um mapa. - Apareceste caída à porta do meu quarto...a tua queda não faria um estrondo capaz de eu ouvir, por isso imagino que tenhas batido na porta ou algo do gênero... Mas isso não explica como terias caído. - desenhava figuras na mesa com o meu dedo, tentando imaginar os teus movimentos, os teus pensamentos. - Por isso ou esbarraste em algo ou aceleraste de repente e começaste a correr. Também aceitaste o meu convite... Logo não tinhas pressa de ir a algum lugar. - deduções concluídas, aproximei-me e olhei-a nos olhos. - Por isso... Vieste à minha procura, bateste à porta, mas arrependeste-te e por isso tentas-te fugir... Estou lá perto?

Deduções. Dejavu parte 2.