Quarto de J-Hunt

Tinham-me dado a chave de um quarto qualquer num dos pisos mais altos. Quando encontrei-o, abri a porta rapidamente e atirei-me logo para cima da cama gigante do centro da divisão. Como era fixe ter um quarto novo tão grande. Depois de ter de partilhar o meu quarto antigo com os meus irmãos durante vários anos, isto é o paraíso.
-Para-para-Paradise! -cantei baixo desafinadamente, com a minha voz grave.
Ri-me da minha figura de idiota e levantei-me, tirando os cabelos loiros da frente dos olhos. Fui ver o resto do meu novo quarto e adorei cada pedaço dele. É bom sentir-me novamente em 'casa'.

Um novo querubim tinha chegado. Eu já estava bastante boa em fazer as receções aqui aos "caloiros". Nunca pensei que eu me tornasse assim.
Como não devia deixar de ser, lá fui eu dar-lhes as boas vindas.
Bati à porta e passado um bocado, ele abriu-a.
-Olá - cumprimentei. - Sou a Jô.
-Olá. Sou o Josh.
-Sê bem-vindo, Josh - sorri. - Posso entrar? - perguntei.

A certa altura, bateram à minha porta. Fui logo ver quem era. A rapariga apresentou-se como Jo, e eu cumprimentei-a de volta.
-Sê bem-vindo, Josh - sorri. - Posso entrar? - perguntei.
-Claro. - sorri-lhe de volta. - Tou aqui a arrumar as minhas coisas. Falta-me muito ainda, portanto não te importas de dar uma mãozinha? Ou duas talvez. - falei-lhe terminando a frase com um grande sorriso.

Soube que havia um novo querubim e decidi ir visitá-lo. Bati à porta e ninguém respondeu. Voltei a bater e ninguém respondeu. Quando estava a ir embora, ouvi a voz de Jo. Aí sorri imenso para mim mesma e bati com mais força na porta.
- Sua maluca!!! Abre mas é a porta! Só podias ser tu. - disse enquanto ria.
Mas não foi Jo que abriu. Foi o novo querubim.
- Ups... Desculpa. Peço imansa desculpa... - disse super envergonhada.
- Não faz mal. Eu sou o Josh. - disse ele sorrindo e apertando-me a mão.
- Eu sou a Sarah. - disse ainda envergonhada.
Jo veio até à porta e estava-se a rir imenso.
- Devias ter visto a tua figurinha... - disse ela rindo imenso que nem se aguentava em pé.
- Já podes parar... Ok? - disse, amuada.
- Tou a ver que já se conhessem - disse Josh confuso.
- Demasiado bem! - disse Jo limpando as lágrimas de tanto rir.

Ajudei Josh a arrumar o quarto. Quando terminámos sentámo-nos na cama a conversar um bocadinho. Começamos a falar de música e ouvi alguns CD's que ele tinha. Decidimos utilizar os auscultadores para não incomodar os outros querubins.
De repente ouvimos alguém a bater na porta com muita força.
-Ups - disse enquanto tirava os fones dos ouvidos. - Espero que não estejam ali há muito tempo - desejei enquanto Josh se levantava.
-Sua maluca!!! Abre mas é a porta! Só podias ser tu - reconheci a voz da Sarah.
Quando o Josh abriu a porta, ela ficou vermelha que nem um pimento. Ri-me da reação dela.
-Devias ter visto a tua figurinha... - disse enquanto Josh a deixava entrar.
-O que vocês estavam a fazer? - perguntou, já recomposta do que se tinha passado.
-Ouvindo umas musiquinhas - respondi. - Aqui o Josh já sabe que a minha onda são os anos 60a80, mas que estou disposta a ouvir de tudo - sorri.

-Ouvindo umas musiquinhas - respondeu Jo. - Aqui o Josh já sabe que a minha onda são os anos 60a80, mas que estou disposta a ouvir de tudo - sorriu ela.
-Ainda duvido um pouco disso. - falei-lhe eu.
-Duvidas de quê? - perguntou-me ela um pouco confusa.
-De conseguires ouvir tudo. - respondi-lhe eu. - Tudo, tudo acho que não.
-Ai não? Vá lá. Testa-me então!
-Ok. Tudo bem. Então deixa-me lá ver... Hum... - falei-lhe eu a minha cara de pensamento muito profundo. - Ok. e achas que ouves, tipo... Justin Biber (ou la como se escreve)?
-Oh, belo exemplo! - disse Sarah com um ar animador.
-Hum... bem... - hesitou Jo com uma cara estranha.
-Ouves, ou não? - perguntei-lhe eu de uma vez com um sorriso na cara gostando da situação.

- Olha... Isso é um caso à parte. - disse Jo, amuada.
- Pois, bem me parecia - disse começando a rir.
- Podes crer - disse Josh que desatou às gargalhadas.
- Então... Parem lá. - disse Jo.
- Ok... Ok... - disse eu parando de me rir.
- Fogo. Vcs as duas tão-me a fazer rir tanto que já me doi a barriga - disse Josh
- Acredita. Se passares um dia connosco vais chegar à cama com a barriga em pior estado... - disse eu rindo.
- Concordo com a Sarah. Com esta maluca há sempre diversão. - disse Jo rindo também.
- Olha quem fala. És mais tu! - disse eu.
- Vcs as duas são mesmo engraçadas. - disse Josh rindo.
- Obrigada - dissemos as duas ao mesmo tempo.
A seguir desatamo-nos todos a rir por algo tão estúpido.

Depois de nos rirmos sem motivo nenhum, ficámos a olhar uns para os outros.
-Então... as arrumações já estão feitas - disse o que já era óbvio. - O que querem fazer?
Eles encolheram os ombros.
-Eu estou um bocadinho cansada - disse-lhes. - Viemos de férias há pouco tempo e não estou habituada a este ritmo da escola. Por isso, podemos sentar e conversar um bocadinho... - não esperei que eles se pronunciassem e sentei-me na cama.
-Então, Josh, queres contar-nos como vieste aqui parar? Claro que se não estiveres à vontade com isso, não precisas de dizer - sorri.

-Na boa. Todos temos as nossas histórias certo? - perguntei eu sem esperando respostas, mas elas acenaram a cabeça indicando que sim. -Eu vivia num bairro nos arredores de Londres com a minha mãe e meus irmãos, mais novos. O salário de professora da minha mãe mal chegava para nos sustentar, mas lá nos aguentava-mos. Até àquele dia... quando eu estava a levar os meus irmãos a casa vindos da escola, ouvi de um tiro vindo do outro lado da porta. Ao início estranhei, depois desesperei, pensando no pior. Larguei meus irmãos, disse-lhes para não se mexerem e ficarem onde estavam até voltar. A seguir corri porta dentro para confirmar o que tinha acontecido: a casa estava toda virada ao contrário, reparei que algumas coisas estavam desaparecendo à medida que percorria as poucas divisões. Quando cheguei a uma das últimas divisões paralisei por total. Ver a sua mãe a flutuar num banho do seu próprio sangue não é uma coisa que se vê todos os dias. Presumi que tinha ocorrido um daqueles assaltos que correram mal. De repente ouvi estes barulhos do meu quarto, portanto fui até lá ver se podiam ser os assaltantes/estúpidos de m*rda que mataram a minha mãe, e ainda vi uns tipos, dois para aí, a saltarem da janela. Não consegui tirar nada do aspecto do 1º tipo, mas o 2º virou-se para trás e apanhei a sua cara. Aquele seu sorriso frio ainda me arrepia hoje. Depois voltei rapidamente para perto dos meus irmãos que já estavam a entrar porta dentro. Bem, não quero contar a minha história toda... Mas é isto praticamente. -terminei.
As duas raparigas olharam uma para a outra com uns olhares estranhos e depois voltaram a atenção para mim.
-Fiquei curiosa. - disse-me a Sarah. -Não falaste do teu pai. Se é que não há problema.
-Sim, por acaso há um problema. -falei-lhe. - Ele é o problema. É um idiota de primeira. Ele é daqueles homens, se é que lhe posso chamar isso, que é um grande medroso. Se lhe disserem para se atirar de uma ponte abaixo, ela faria-o só para não levar porrada se dissesse que não. Não tinha tomates nem para enfrentar um puto. Aposto convosco que até o meu irmão Finn, de 9 anos, lhe dava uma coça. Portanto quando a minha mãe descobriu que ele tinha muitas dívidas lá de advogado falido que era, gritou-lhe tantas que o pôs a mijar calças abaixo. Juro, eu vi isso. Ele cagado de medo fugiu de casa quando a minha mãe lhe baixou o olhar. Dias depois ela pediu divórcio e ele burro como é não conseguiu dizer que não. Nunca mais nos falou. Nem cartas, nem telefonemas, nem nada. Grande otário.

Fiquei a ouvir a história de Josh atentamente. Todos os querubins tinham a sua história, mas muitas delas não eram daquelas que se podia contar às pessoas assim numa boa.
Fiquei com curiosidade acerca dos irmãos dele. Como tinham ficado. Mas decidi não perguntar nada, visto ele já ter ficado um bocadinho alterado com a história do pai.
-Josh, já conheces aqui o campus? Qual foi a tua primeira imprensão disto tudo? - desviei o assunto.

Sabia que havia um novo querubim, portanto decidi ir dar - lhe as boas vindas.
Bati à porta e esperei um pouco.
- Ola, sou a Bia. Bem vindo. - disse.
- Obrigada, eu sou o Josh. - disse sorrindo. - entra.
- Obrigada. - disse, quando entrei vi Sarah e Jo. - ola meninas tudo bem?
- tudo e contigo? - disse Jo.
- Vai se andando. - respondi - entao do qu é que estvam a falar?

Estava chocada com a história de Josh... Não é que já não tivesse ouvido outras histórias piores, mas era a maneira como ele a contava. A mim ainda me custava bastante falar sobre os meus pais. Ele devia ser um tipo corajoso... Mas, de repente, Jo mudou de assunto, o que me pareceu bem.
-Josh, já conheces aqui o campus? Qual foi a tua primeira imprensão disto tudo?
Mas ele nem teve tempo de responder. Alguém bateu à porta e ele foi abrir. Era bia.
- Ola, sou a Bia. Bem vindo. - disse ela.
- Obrigada, eu sou o Josh. - disse ele sorrindo. - entra.
- Obrigada. - disse ela, quando entrou e nos viu - ola meninas tudo bem?
- tudo e contigo? - disse Jo.
- Vai se andando. - respondi - entao do qu é que estvam a falar?
- Pois.... - disse olhando para Jo pedindo ajuda, para não voltarmos a falar sobre a história dos pais de Josh.
- Então? Algo que não possa saber? - disse bia, curiosa.
- Tava-lhes a contar a minha história. - disse Josh, finalmente.
- Isso já é passado. Eu tinha-te perguntado se já conheces o campus e qual foi a tua primeira impressão disto tudo. - disse Jo, olhando para mim procurando apoio.
- E tu não respondeste portanto não mudes de assunto. - disse, ficando arrepiada de pensar que talvez tivesse de ouvir a história dos pais de Josh novamente.

- Isso já é passado. Eu tinha-te perguntado se já conheces o campus e qual foi a tua primeira impressão disto tudo. - disse Jo.
- E tu não respondeste portanto não mudes de assunto. - falou Sarah.
Senti que a minha história tinha mudado o ambiente, portanto desta vez tentei dizer as coisas mais num tom de brincadeira.
- Ainda não tive tempo para ver isto. Por agora, saber onde é o meu novo quarto já é um avanço. - disse eu com um dos meus sorrisos. - O campus parece ser fixe, assustadoramente gigante. Mas, o que quero mais conhecer aqui é o pessoal. Mal posso esperar por isso.

-Eu senti-me um bocadinho desorientada quando aqui cheguei - sorri. - Mas depois também comecei a conhecer gente e somos todos super simpáticos. Estamos sempre dispostos a ajudar. Por isso, caso precises de algo, podes sempre pedir-me. Eu tentarei ajudar - ofereci.
-Ah, obrigada - agradeceu.
-Então, o que vamos fazer? - perguntei. - Querem ver algum filme? Josh, o quarto é teu. Por isso é que decides.

- Podemos ver um filme. - disse Josh.
- É pena não haver pipocas - disse Jo triste.
- Por acaso, eu tenho um esconderijo secreto de pipocas no quarto. - disse.
- Eu já o vi e é tipo um templo de pipocas. - disse bia rindo.
- Eu vou buscá-las, mas preciso de alguém para me ajudar pq eu ando para lá a arrumar umas coisas e tenho um armário gigante à frente do armário das pipocas e não consigo arrastá-lo sozinha. - disse.

- Eu vou buscá-las, mas preciso de alguém para me ajudar pq eu ando para lá a arrumar umas coisas e tenho um armário gigante à frente do armário das pipocas e não consigo arrastá-lo sozinha. - disse Sarah
- Isso parece trabalho para um homem então. - disse levantando-me e enchendo o peito.
As raparigas reviraram os olhos, mandando olhares estranhos umas às outras.
- Sendo assim acho que melhor chamares outra pessoa Sarah. - gozou Jo, dando uma gargalhada. Claro, que a seguir as outras duas também se começaram a rir. Eu mostrei a língua a Jo, e ela fez-me o mesmo.
-Vamos lá Sarah. - finalizei eu ignorando ao comentário de Jo.

Fomos até ao meu quarto. Entramos e eu expliquei a Josh:
- Vês? É este armário... - disse eu apontando.
- É mesmo grande. E o teu quarto está altamente Sarah. - disse ele observando.
- Obrigada, apesar da desarrumação do momento - disse rindo.
- Ok. Vamos lá. 1, 2, 3. - disse Josh.
- Tá quase, só precisamos de empurrar mais um bocadinho - disse eu, com as mão a doer-me - Conseguimos.
- Bolas... O que é que tu guardas ali, rapariga? - disse Josh a esfregar as mãos.
- Cenas privadas de raparigas - disse eu, com um ar matreiro, para o provocar.
Ele riu-se.
- És muito sinistra.
- Um bocado. - disse
- E doida - disse ele - No bom sentido.
- Eu percebi Josh - disse rindo.
Tirei as pipocas e no meio da confusão tropeçei e aterrei ao cima de Josh que me agarrou um braço, mas não foi suficiente para não cair no chão.
- Fogo.... Desculpa lá Josh - disse rebolando para o lado.
- Não faz mal - disse ele desorientado. - O que importa é que ninguém se magoou.
Eu ri-me.
- És bastante compreensivo.
- Sabes como é. Tenho de manter a imagem de rapaz ideal.
- E convencido também - disse rindo.
Ele fez um ar ofendido, mas a seguir desatamo-nos os dois a rir.
- Vamos, que elas já devem pensar o que andamos a fazer para demorar tanto. - disse eu.
Ele abriu a porta e disse:
- As senhoras primeiro.
- Obrigada - disse fazendo uma vénia, rindo.
Na verdade, ele até nem era convencido. E aquilo do rapaz ideal até era bastante verdade. Era simpático, divertido, bem-disposto... Não é tudo o que se pode querer num amigo?

O Josh e a Sarah estavam a demorar um bocadito em ir buscar as pipocas.
-Será que se perderam pelo caminho ou encontraram algo mais interessante para fazerem? - perguntei, num tom maléfico, à Bia.
Ela sorriu.
-Ai, eu não sei - respondeu.
Mas antes que pudessemos dar aso à nossa imaginação demasiado fértil, eles entram no quarto.

- Demoraram... - disse Bia com um olhar matreiro.
- Nem muito - disse Josh sorrindo - Vou procurar um bom filme.
Ele tava suficientemente longe de nós para podermos falar.
- Não te ponhas para aí a imaginar coisas - susurrei.
- Eu? - disse ela fingindo-se de desentendida.
- Sim, tu. - disse, amuada.
- Eu cá aposto que eles tiveram algum momento maluco com a Sarah por perto. - disse Jo, rindo.
- ó Jo... Tu também? Só fomos buscar pipocas e eu tropeçei e caí - disse.
- Ui... O romeu salavou-te? - disse ela, desatando-se a rir.
- Posso saber qual o motivo de tanta risota? - disse Josh virando-se para trás.
- Cenas... - disse, tentando não dar muita importÂncia.
Quando ele se virou novamente, deitei um olhar furioso a Jo e Bia.
- Acham que me atiro a todos os que me aparecem À frente?? Conheco-o À algumas horas. - disse, zangada.
- Sabe-se lá... - disse Jo, olhando em volta.
- Pois... Amor À primeira vista... - disse Bia, olhando também em volta.
- Vcs querem parar??????? - Disse gritando.
Josh virou-se admirado.
- QUe raio foi isso? - disse ele.
- Sabes , eu e a bia pensamos que a Sarah talvez... - mas eu interrompi Jo.
- Já descobriste o filme? - disse sorrindo e não tentando parecer zangada.

Decidi parar de insinuar coisas. Afinal, se eu estivesse na pele da Sarah não gostaria disto.
O Josh encontrou um filme, mas eu estava mais preocupada a comer as pipocas.
-Olha, ainda quero ver se há pipocas quando o filme começar efetivamente - disse Sarah.
Apercebi-me que já tinha comido quase metade de um dos pacotes.
-Upsi - disse enquanto ele punha o filme.

- Boa, Jo.... Já foi metade do pacote - disse rindo.
- Deixa lá... Trouxeste alguns por isso temos que chegue - disse Bia.
- Sim... Tens razão. Vou deitar tudo para uma grande taça... Tens alguma Josh? - perguntei.
- Ya... Naquele armário. A chave tá na mesinha de cabeçeira. - disse ele, pondo o filme em start.
- Ei! Não ponhas a dar sem mim - disse stressada enquanto colocava as pipocas apressadamente na taça. - Agoara podes.
Sentamo-nos todos na cama. Eu estiquei-me ao comprido, porque doía-me imenso as pernas depois da corrida que tive de fazer de castigo.
- É de quÊ o filme? - perguntei, pengando numa mão cheia de pipocas.
- Comédia e um pouco de romance. Espero que não seja muito lamechas. - disse Josh rindo e fazendo uma careta.