CHERUB - RPG
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Mensagem  Convidad Qui 10 maio 2012, 23:02

Mick puxou o carapuço do casaco preto que envergava para cima, cobrindo os cabelos despenteados, antes de inspirar para o ar frio que se fazia sentir na rua estreita, e vendo a sua respiração desaparecer aos poucos. Encontrava-se a caminha depressa, pela rua, esgueirando-se entre as pessoas que faziam as últimas compras de natal, e exibiam um ar estranho, algo entre o alegre e o stressado, pois temiam não comprar tudo a tempo da ceia. Os pinheiros de natal e as luzes desejando boas festas pareciam algo abstrato a Mick, que tinha de se encontrar com um colega urgentemente, antes de voltar para casa. No entanto, sentia-se feliz.
O seu pai, numa das poucas ocasiões em que acontecia, encontrava-se sóbrio, e para variar, com um ar feliz. Tinha convidado os avós, e dito a Mick que o queria em casa antes das 8:00 da tarde, para fazerem uma boa ceia.
Enveredou por uma viela do lado direito da rua principal, e depois, num beco escuro, empurrou uma velha porta de metal, com grafitis rabiscados que anunciavam “Amo-te, Samantha”, entre outras parolices lá deixadas por dezenas de adolescentes que tinha tinham deixado a sua marca. Entrou para um corredor de tijolo, e disse, num tom cauteloso:
- Gabriel ?
Estranhou a falta de resposta do jamaicano, pelo que avançou pelo escuro. No entanto, sentiu os braços fortes do seu amigo a prenderem-no pelo pescoço meio minuto depois, seguidos dum riso rouco, e dum abraço forte.
- Feliz natal, ‘mano.
Mick sorriu um pouco, batendo nas costas do amigo com força e dizendo, alegre:
- Para ti também, amigo.
Gabriel abriu uma porta no lado direito do corredor, entrando para o apartamento aonde vivia sozinho com a irmã mais velha. No entanto, esta passava a maior parte do tempo em casa do namorado, pelo que Gabriel a tinha quase toda para si. Costumava trazer bastante gente para ali, e era ponto de encontro frequente para jogos de Poker, discussões sobre futebol, mas ambas se incluíam nas festas mais loucas da zona.
Gabriel era um rapaz de 16 anos, de pele morena e entroncado. Era razoavelmente alto, e o seu cabelo escuro fazia conjunto com a cor dos seus olhos. No entanto, embora andasse numa escola particular, que o seu tio rico, que vivia em Birmingham lhe pagava, Gabriel tinha a sua faceta rebelde, e mal chegava a casa tirava o polo com a insígnia da Royal Jackson Academy, vestia roupa larga e praticava parkour, ou encontrava-se com Mick e com o resto de pessoal no parque, para irem dar uma volta de BMX, ou meterem-se nalgum tipo de problemas.
Sentaram-se no sofá, que estava coberto com uma manta cinzenta enrodilhada, e com o som da publicidade da televisão a dar como barulho de fundo.
- E então, o teu pai ? – questionou Gabriel, olhando de forma profunda para Mick – Está outra vez bêbado, ou escapou á noite de natal ?
- Penso que seja a segunda hipótese – disse Mick, encolhendo os ombros enquanto Gabriel se levantava e ia buscar um par de latas de Pepsi, para ambos – Quer dizer, pelo menos espero que sim…
Gabriel riu-se, antes de se voltar a sentar, e com um clique abrir a lata. Deu um golo longo, e depois disse:
- O velho vício da bebida. É incrível como somos tão facilmente viciados… Olha nós pelo parkour, pelas BMX, enfim, pela rua…
Mick sorriu, antes de brindarem as latas e darem ambos um golo. Estiveram em silêncio por algum tempo, nos quais Family Guy rodava na Fox, na pequena televisão por antena que se encontrava sobre um conjunto de prateleiras de madeira, no canto da sala desarrumada.
- E a Lexie ? – riu-se Gabriel, olhando para ele com um brilho de gozo nos olhos – Toda a gente diz que já foste para a cama com ela… E, vistos que sou um dos teus melhores amigos, nem me tentes mentir.
Lexie era uma miúda rica que vivia na parte mais cara da cidade, mas tal como Gabriel, fugia a todos os esforços dos seus pais para a fazerem alguém exemplar. Tinha 15 anos, um corpo sexy, e era o tipo de miúda que fazia os mais garanhões sonharem. No entanto, Mick não tinha tido a mínima dificuldade com ela, sendo que ela tinha começado a gostar dele.
- E se tivermos feito ? – sorriu Mick, á medida que Gabriel se ria ás gargalhadas, a seu lado – Não é nada ilegal… Ela acha-me giro, eu acho-a boa, não é difícil de acontecer...
- Pois, não é nada que eu não faria… - murmurou Gabriel, encolhendo os ombros.
Os rapazes ficaram em silêncio, antes de ligarem a PlayStation 2, e começarem a jogar FIFA, divertidos. Acabaram com Mick a ensinar algumas fintas a Gabriel, quando sairam para o beco e para o ar frio. Quando verificaram as horas, já eram 7:30 da tarde, e Mick tinha apenas meia hora para se pôr em casa.
- Encontramo-nos mais logo, no fim do jantar ?
Gabriel encolheu os ombros, abaixando-se para apanhar a bola.
- Eu tenho de ir jantar com a minha irmã e com o meu tio a um restaurante chique qualquer, no centro da cidade. Mas vou ver se me consigo escapar, e encontramo-nos lá no parque.
- Fica então combinado ? – perguntou Mick, com um sorriso.
- Combinado – sorriu Gabriel.
Chocaram a mão, e Mick virou-se, seguindo caminho para casa.
- Ah ! – gritou Gabriel, da porta de metal que fazia a divisão entre a rua e o corredor – E liga á Lexie, que eu trato de chamar o resto do pessoal.

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Mensagem  Convidad Dom 13 maio 2012, 11:01

- Ok, tenho de desligar, beijos... - disse Mick atropeladamente, ao desligar a chamada. Um breve anúncio apareceu, anunciando que a chamada com Lexie tinha durado 2 minutos e 43 segundos, mas como as chamadas de Mick eram grátis graças ao seu tarifário, não se preocupou. Pôs o telemóvel dentro das calças e aproximou-se de casa, abrindo a porta de madeira com um som pesado. O primeiro indício de que algo não estava bem foi quando Mick viu a montanha de garrafas de cerveja vazias em cima da mesa.
- Não acredito... Ele não fazia isso.
Mas o âmago de Mick dizia-lhe que ele tinha feito isso. O seu pai tinha-se descaido, para variar, outra vez, mas desta vez era bem mais grave que isso. Os seus avós vinham a caminho, e Mick tentara esconder a dependência alcóolica do pai, pelo menos, a eles.
- Ah, estás ai... Aonde andaste ? - disse uma voz melosa atrás dele.
Mick virou-se e viu o pai, de ombros descaidos e ar soturno, algo que não era normal nele, visto que ele preferia a abordagem violenta.
- Por aí... Esta era a hora combinada para aqui estar. Os avós vêem cá e tu apanhas-me uma piela outra vez ?
O pai fez um "tsc" mal humorado e foi deitar-se no sofá, com um ar mole.
- Os teus avós afinal não vêem. Não disseram porquê, mas também não era preciso - deu outro gole na garrafa de cerveja, antes de prosseguir - Eles sempre odiaram vir cá, e sempre me odiaram a mim.
Mick sabia que o seu pai tinha sido bastante ignorado no passado pelos seus avós, e ao perceber que grande parte do problema de alcóolismo vinha dessa parte, ficou fulo. No entanto, conteu a raiva e disse:
- Não penses assim, pai...
- E queres que eu pense como ? - respondeu o pai, violentamente - Ah ? Eu sempre fui o patinho feio da familia, mas deixa estar. Sai de casa e fui feliz... Eu sou feliz...
Mick percebeu que o seu pai se estava a tentar enganar a si próprio, mas nada disse.
- E tu, tiraste-me a tua mãe, que era a única pessoa que eu tinha - rugiu o pai, antes de atirar a garrafa de cerveja á cabeça de Mick.
Mick ficou chocado com a acusação, mas baixou-se quando a garrafa lhe rasou a cabeça, antes de se partir com estrondo contra a parede.
- Estás-te a passar, ou quê ? - gritou Mick, indignado - Achas que eu não queria ter conhecido a minha mãe ? Acha que não adorava ter partilhado todos os momentos da minha vida com ela, ou até contigo, não fosse estares sempre com os copos ?
O seu pai ficou um pouco surpreendido com a afirmação, mas não disse nada.
- Para mim, chega - disse Mick, contendo as lágrimas - Tu falas dos avós, mas nunca me trataste com o mínimo carinho... Vou-me pôr a andar daqui para fora...
Dito isto foi para o quarto para fazer as malas, enquanto que o pai ficava com um ar chocado, para trás.

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